Wednesday, June 13, 2007


Não. Não há necessidade de dramas...

Conheço pessoas que fazem de um pequeno fato algo atômico; dizimam a si a aos próximos com bombas de lágrimas e interjeições.

Ora pois, somos capazes de tanto, de tudo pra dizer a verdade. Não há motivos para crer que esperar é a melhor solução, às vezes o que demora nem sempre nos traz a felicidade até porque proculá-la fora é um erro, se não nos bastarmos nada mais o fará.

Na literatura temos o exemplo de Penélope (Odisséia de Homero) que esperou por 20 anos por seu amado. Puxa! Muito tempo. É irreal, romântico, ideal.

Na vida real não podemos nos permitir. Se a opção pela solidão for pessoal: ok, mas se for baseado numa espera pelo ideal, perfeito, acreditem isso é invenção do homem. Somos todos perfeitos aos olhos do criador, só o homem julga a seu bel prazer.

Recorrendo novamente à literatura (minha paixão) vamos falar de Dido - não a cantora, que é muito bom, mas a Dido trágica da obra Eneida de Virgílio.

Essa moçinha depois de ficar muito tempo só, cede aos encantos do jovem Enéias e por ele ser mais ojetivo (posto que a deixa não por não gostar mais dela, mas porque sua meta era outra, mais importante = criação de Roma) e ela mais romântica e infelizmente (ou felizmente, porque a descrição dos momentos anteriores a sua morte são literariamente belos) acaba por não aceitar o abandono e suicida-se amaldiçoando-o.

Era como se ele dissesse "venha comigo" e ela "fique comigo".

Escrevo sobre isso pois me sinto à vontade, primeiramente, e porque creio que muitas de nós, mulheres, já sentimos isso. Claro que com menos literariedade e suicídios, escapamos ilesas, mas dói...

Por isso escrevo, não para dar moral; não penso que saiba tudo ou mais que esse ou àquele, porém hoje eu sei que não peço pra ninguém ficar, tão pouco abandonaria meus projetos por alguém, ainda que ame essa pessoa. Aprendi que devemos seguir nosso caminho e se as coisas boas ou pessoas partirem e retornarem: ótimo.

Caso contrário, valeu. Todos crescemos com as experiências e lamentar é perda de tempo.

Hoje eu sei e digo: eu me basto. Ninguém em completa apenas acrescenta algo a mim.


Abraço

Monday, June 04, 2007


Que jogue a primeira pedra quem nunca quis voltar...

Que jogue a primeira pedra quem nunca sentiu uma necessidade quase que vital d'um retorno à barriga de sua mãe...Sim, lá no quentinho; silêncio...

Um retorno à inocência,´retorno a nós mesmos...Lá éramos nós, hoje nem sabemos mais quem somos...

Só nos e um cordão tênue e forte ao mesmo tempo que te ligava a vida e à morte.

Tudo se misturava, sensações, desejos e depois: sair.

Que dó, que sofrimento para ambas: eu e ela...Ela que eu nunca havia visto, só escutava-lhe a voz estridente, de quando em quando, e sair sem saber o que fazer.

O seio farto enfiado guela abaixo e somente após segundos a percepção do alimento...O seio que não tenho mais e que busco em outros seios - menos fartos por serem masculinos agora- o seio que secou.

Mas antes mesmo do seio vem o primordial: respirar...

Nossa! Que sofreguidão: primeiro partem o cordão, te desligam...Você já não está ligado a nada e ninguém. É um corpo frágil e indefeso que pertence ao mundo, ao 'cortador de cordões' e ao seio. Respirar nunca fora tão difícil e gostoso...O ar entra como heroína, expulsa o líquido e aí pela primeira vez você chora.

Mal sabendo que será a primeira de uma sequência infinita de vezes, você não pensa, você só chora e depois o seio.

Quero voltar, mesmo sabendo que irei sofrer tudo de novo eu quero voltar, quero encher a minha boca de água, expulsar o ar, dar adeus ao seio mais uma vez e simplesmente boiar...No infinito do ventre universal: boiar.

Sem pressa de voltar...Deixar um bilhete ao 'cortador de cordões' e ao seio: não perturbe: agora vivo.

Que atire a primeira pedra quem nunca quis retornar...
Desculpem se vos deixo triste com meu texto melancólico...Mas hoje é um dia em só quero voltar...Amanhã quem sabe fico.