Monday, June 04, 2007


Que jogue a primeira pedra quem nunca quis voltar...

Que jogue a primeira pedra quem nunca sentiu uma necessidade quase que vital d'um retorno à barriga de sua mãe...Sim, lá no quentinho; silêncio...

Um retorno à inocência,´retorno a nós mesmos...Lá éramos nós, hoje nem sabemos mais quem somos...

Só nos e um cordão tênue e forte ao mesmo tempo que te ligava a vida e à morte.

Tudo se misturava, sensações, desejos e depois: sair.

Que dó, que sofrimento para ambas: eu e ela...Ela que eu nunca havia visto, só escutava-lhe a voz estridente, de quando em quando, e sair sem saber o que fazer.

O seio farto enfiado guela abaixo e somente após segundos a percepção do alimento...O seio que não tenho mais e que busco em outros seios - menos fartos por serem masculinos agora- o seio que secou.

Mas antes mesmo do seio vem o primordial: respirar...

Nossa! Que sofreguidão: primeiro partem o cordão, te desligam...Você já não está ligado a nada e ninguém. É um corpo frágil e indefeso que pertence ao mundo, ao 'cortador de cordões' e ao seio. Respirar nunca fora tão difícil e gostoso...O ar entra como heroína, expulsa o líquido e aí pela primeira vez você chora.

Mal sabendo que será a primeira de uma sequência infinita de vezes, você não pensa, você só chora e depois o seio.

Quero voltar, mesmo sabendo que irei sofrer tudo de novo eu quero voltar, quero encher a minha boca de água, expulsar o ar, dar adeus ao seio mais uma vez e simplesmente boiar...No infinito do ventre universal: boiar.

Sem pressa de voltar...Deixar um bilhete ao 'cortador de cordões' e ao seio: não perturbe: agora vivo.

Que atire a primeira pedra quem nunca quis retornar...
Desculpem se vos deixo triste com meu texto melancólico...Mas hoje é um dia em só quero voltar...Amanhã quem sabe fico.

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